in love

Conheci maridoco em pleno Verão japonês, a duas semanas de seu aniversário de 23 anos. Eu havia acabado de chegar ao Japão e tinha 19 anos. Começamos a namorar em 2 semanas, 7 meses depois, resolvemos morar juntos. Foi um reconhecimento de almas, algo inesperado para a minha idade e modo de vida, pois nesta fase me considerava um ser de alma livre, pronta para me aventurar no mundo da fotografia, num país de cultura diferente, decidida a encarar sem reservas e preconceitos...

Maridoco pediu minha mão ao meu pai do jeito mais clássico possível, fico imaginando sua dificuldade em se expor....

Apartamento pronto, malas arrumadas, dia de mudança...nevou a noite inteira! Estávamos com alguns centímetros de neve lá fora. Daqui para frente o que maridoco contou foi o seguinte: Ele acordou muito cedo para levar o pessoal à fábrica e iria retornar com a perua para fazermos a mudança, no meio do caminho a perua atolou na neve. Maridoco que estava só com uma roupa leve, pois o ar do carro é bem quente, se encrencou. Como já estava perto da fábrica o pessoal resolveu seguir à pé e marido ficou esperando ao carro, o pessoal iria comunicar o incidente ao chefe, trazendo ajuda.

Bem, o fato é que horas se passaram, o combustível acabou e o carro começou a esfriar. E euzinha esperando, achando que ele já tinha dado no pé!

Cansado de esperar, resolveu arriscar e procurar ajuda por ali, em meio a neve é fácil se perder, pois não dá prá saber onde se está pisando. Encontrou uma carona que o levou de volta até o apartamento, onde ficou sabendo que o carro já estava sendo resgatado. Voltou ensopado e morrendo de frio...

Marido jura de pé junto que foi por causa do frio que resolveu se arriscar pela neve, mas gosto de pensar que talvez ele tenha ficado preocupado comigo e não resistiu, preferiu encarar a neve...Heheheh!

Fizemos a mudança, e neste mês de fevereiro, depois de um casório a altura e dois pipocas, completamos 18 anos juntos! Foram tantas vidas e tantos sonhos, discussões e comprovações, medos e glórias, teimosias e arrebatamentos...tem sido demais!

Lembro ainda, quando pequena em aventuras pantaneiras com meu pai-peão-veterinário, ele dizia: - Minhas filhas só irão se casar com um homem que pelo menos saiba laçar um touro!

Afe! Maridoco nem chegaria perto de um touro, mas enfrentou uma nevasca por mim, e isso está de bom tamanho para minha alma!

Foto via: Flickr