'fotogravida'

Acredito haver certa mágica no ato de fotografar. Imprimir a um papel aquele segundo, aquela idade, aquele sorriso, aquela nuvem, aquela luz daquele exato momento para a eternidade, não pode ser visto senão como mágica perfeitamente sustentada por prova científica e categórica.

Não só o ato de fotografar é mágico, como o depois. A revelação da imagem aparecendo magicamente no papel, tá bom...vamos ser menos românticos. Então não é mágico a hora de abrir e ver as fotos reveladas? Mesmo depois de tirar a foto na máquina digital, precisamos voltar para ver como ficou registrado o momento, sempre despertando alguma emoção, seja de alegria, de descontração ou de contrariedade, partindo para uma segunda tentativa...atualmente, sempre é possível mehorar...

Impossível não ter tardes descontraídas revendo fotos de viagens ou de nossos pequenos, ou avós, bisavós, amigos que não vemos mais. Quantos risos, choros e sentimentos diversos pode uma foto despertar, quando somos levados por eles para uma certa viagem no tempo e no espaço para uma determinada época ou lugar, lembrando-nos de outros rostos, do nosso, do pai, do irmão, da mãe, da madrinha da melhor amiga...

Mágica maior ainda pertence a poucos, aqueles que tem o poder de captar não só a imagem, mas sim algo mais volátil, o sentimento, a poesia.
Desta casta rara de fotógrafos-mágicos pertence Haruo Ohara, imigrante japonês que chegou ao Brasil em 1927, começou a fotografar em 1938, captando imagens da sua família e seu cotidiano em preto e branco. Poesia em preto e branco. Apaixonado pela natureza, fez da sua máquina, sua voz. Reconhecido como um dos mais importantes fotógrafos, seu acervo é uma importante testemunha do cotidiano de sua época. Veja se estou errada...